O governo do Estado tem planos ambiciosos para transformar Campinas no maior hub ferroviário de passageiros do interior paulista. Além do Trem Intercidades (TIC) São Paulo-Campinas (Eixo Norte), cujas obras devem começar em maio de 2026 e serem concluídas até 2031, há estudos para outras três ligações ferroviárias a partir do município – com destino a Ribeirão Preto, Sorocaba e Araraquara. Esses projetos conectarão quatro das mais relevantes regiões do estado, responsáveis juntas por 30% do Produto Interno Bruto (PIB) de São Paulo em 2023. Segundo a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), o PIB paulista somou R$ 3,21 trilhões naquele ano, sendo que essas quatro regiões movimentaram cerca de R$ 963 bilhões (US$ 198,93 bilhões na época), valor superior à soma dos PIBs da Venezuela e do Uruguai no mesmo período, que totalizaram US$ 174,36 bilhões, de acordo com o Banco Mundial.

Campinas integrará quatro dos onze TICs previstos no programa estadual "SP no Trilhos", que prevê investimentos iniciais superiores a R$ 240 bilhões para a implantação de mais de 2,1 mil quilômetros de malha ferroviária. O projeto engloba um total de 51 empreendimentos, incluindo, além dos trens intercidades, 20 trens metropolitanos, 15 expansões da malha metroviária, três sistemas de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e um trem turístico na Estrada de Ferro Campos do Jordão.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, destacou a importância da retomada do transporte ferroviário no estado. “São Paulo cresceu ao redor dos trilhos, e há um grande esforço para resgatar essa modalidade de transporte, que é essencial e urgente. Com o tráfego rodoviário cada vez mais intenso, precisamos de soluções sustentáveis alinhadas às tendências globais”, afirmou. Durante uma visita a Campinas na última sexta-feira (21), ele ressaltou que o projeto de VLT para a cidade incluirá duas linhas: uma conectando o Aeroporto Internacional de Viracopos e outra ligando Campinas a Hortolândia e Sumaré.

Conectando as regiões

Atualmente, Campinas e Sorocaba estão ligadas apenas por rodovias, enquanto os trajetos para Ribeirão Preto e Araraquara contam também com voos comerciais. O plano ferroviário entre Campinas e Ribeirão Preto prevê a passagem por 14 municípios, incluindo Jaguariúna, Santo Antônio de Posse, Mogi Mirim, Estiva Gerbi e Mogi Guaçu, além de estações em Aguaí, Casa Branca, Tambaú, Santa Rosa do Viterbo, São Simão, Serra Azul e Serrana.

O percurso de aproximadamente 225 km entre Campinas e Ribeirão Preto leva cerca de duas horas e meia de carro, com um custo total de pedágios estimado em R$ 61,30. O trajeto rodoviário inclui seis praças de pedágio na Rodovia Anhanguera (SP-330), situadas em Nova Odessa, Limeira, Leme, Pirassununga, Santa Rita do Passa Quatro e São Simão, com tarifas variando entre R$ 8,70 e R$ 11,40. A Prefeitura de Ribeirão Preto já manifestou apoio ao TIC e discutiu o projeto com o secretário estadual de Parcerias e Investimentos, Rafael Benini.

Além disso, a linha TIC de Ribeirão Preto também possibilitará a conexão com Franca, passando pelas cidades de Jardinópolis, Brodowski, Batatais e Restinga. Já o trajeto previsto para o TIC Campinas-Araraquara incluirá paradas em Sumaré, Limeira, Rio Claro e São Carlos. Para o TIC Campinas-Sorocaba, as estações em análise devem contemplar Indaiatuba, Salto e Itu.

O prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, reforçou o interesse da cidade no projeto. “Estamos prontos para colaborar e agilizar esse processo. Sorocaba está em plena expansão, e essa conexão ferroviária será um avanço importante para nosso desenvolvimento”, afirmou.