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Prefeitura contrata empresa para criar projeto de recuperação dos bondinhos

Intuito é receber um diagnóstico dos problemas e um plano para recuperar dois dos quatro veículos para a retomada do passeio na Lagoa do Taquaral
  • Categoria: REGIONAL
  • Publicação: 19/05/2025 17:53
  • Autor: Fonte: https://correio.rac.com.br/

A proposta da Prefeitura de Campinas de retomar o passeio de bonde movido à energia elétrica na Lagoa do Taquaral avançou nesta semana. A Secretaria Municipal de Serviços Públicos, responsável pelo serviço, contratou, via dispensa de licitação, uma empresa para diagnosticar os problemas e criar o projeto de recuperação de dois dos quatro veículos atualmente guardados em uma espécie de “garagem”, localizada ao lado da base da Guarda Municipal, no Portão 3 do parque. O contrato custará mais de R$ 125 mil. A Pasta ainda não divulgou quando o serviço especializado iniciará e o prazo para o término. Em 10 de abril, o Correio Popular revelou que a Administração projeta que os passeios férreos no Taquaral voltem a acontecer ainda neste ano, no segundo semestre.

A confirmação da contratação da Rental Set Comércio e Locação de Máquinas LTDA ME foi publicada na última segunda-feira no Diário Oficial do Município. Trata-se de uma etapa necessária antes do restauro dos bondes, que serão realizados posteriormente por outra empresa. Há outros dois veículos existentes na garagem, mas, de acordo com a Pasta de Serviços Urbanos, os projetos de restauro dessas unidades serão tocados futuramente. 

O investimento em todas as etapas será superior a R$ 11,4 milhões. A maior parte desse valor, em torno de R$ 10,5 milhões, foi destinada para a primeira etapa da iniciativa. Em um pregão realizado no segundo semestre de 2024, a Converd Construção Civil Ltda foi a escolhida para fazer a manutenção preventiva, corretiva e a conservação da linha férrea da Lagoa do Taquaral, incluindo a contratação da mão de obra e a compra dos equipamentos necessários. Além disso, a empresa é a responsável por contratar os profissionais para operar e conduzir os bondes futuramente, além de realizar os cuidados e reparos eventuais nos veículos. O contrato com a Converd, assinado em 18 de dezembro do ano passado, é válido por 5 anos. Outro procedimento que ainda não aconteceu é a recomposição das redes aéreas. São os sistemas, compostos por cabos energizados, que levam a energia necessária para movimentar os bondinhos. 

O secretário de Serviços Públicos de Campinas, Ernesto Paulella, concedeu entrevista em abril e falou em primeira mão sobre o assunto com o Correio Popular. Ele relembrou que o passeio era feito ao redor da Lagoa Isaura Telles Alves de Lima, um trajeto de 2,7 quilômetros, com veículos que foram utilizados no transporte público de Campinas até o final da década de 1960. Paulella também falou sobre o estado de conservação dos bondes que vão ser restaurados. A justificativa para a interrupção tão prolongada do serviço foi o furto de mecanismos que possibilitam o funcionamento dos bondes considerados operáveis pela Prefeitura, além de parte da fiação elétrica do sistema que permite os passeios pela linha de ferro do parque.

“No ano passado tivemos alguns furtos na garagem dos bondes, que atualmente está cercada por alambrado e com um vigia 24h por dia. Foram levados equipamentos dos veículos que permitem o funcionamento deles e que não são mais produzidos de forma industrial, pois eles foram feitos no século passado. Isso tudo terá de ser fabricado”, disse Paulella. 

HISTÓRIA 

O sistema de transporte por meio de bondes funcionou em Campinas entre 1879 e 1968, inicialmente movidos com tração animal, puxados por mulas. Em 1912 os veículos foram incorporados ao sistema elétrico da cidade, dando maior velocidade aos trajetos e mais segurança para os passageiros. O serviço ligou vários pontos do município, com linhas em várias partes de Campinas. Algumas delas ficavam nos atuais bairros da Vila Industrial, Guanabara, Cambuí, Botafogo, Castelo, além do chamado “bondão”, que recebeu esse apelido por ser um veículo bem maior que os bondes abertos da área urbana e que ligava a Fazenda das Cabras, em Joaquim Egídio, a Campinas.

No entanto, o uso desse tipo de transporte foi descontinuado em 24 de maio de 1968, quando a última viagem do sistema foi realizada na cidade. A justificativa na época foi o aumento do tráfego de automóveis, que era atrapalhado pelas estruturas usadas pelos bondes. Quatro anos depois, em 5 de novembro de 1972, a Prefeitura de Campinas implementou uma linha interna circular com alguns bondes na Lagoa do Taquaral.