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Poluição no Ribeirão Quilombo acende alerta em Sumaré e região

Diagnóstico aponta esgoto in natura como principal vilão; BRK promete investimento de R$ 351 milhões até 2030
  • Categoria: SUMARÉ
  • Publicação: 02/08/2025 12:15
  • Autor: Fonte: G1.globo.com

Um estudo ambiental divulgado nesta quinta-feira (31) revelou um cenário preocupante para Sumaré e outras cidades da RMC. O Ribeirão Quilombo, que corta o território sumareense e abastece parte da bacia do Rio Piracicaba, foi apontado como o corpo hídrico mais poluído da região.

A pesquisa, realizada por uma equipe interdisciplinar ao longo de oito meses, detectou 16 parâmetros fora da legislação ambiental, incluindo coliformes fecais, fósforo, cloro e sulfetos. Segundo os pesquisadores, os altos índices indicam presença de esgoto doméstico in natura, resultado de estações de tratamento ineficientes ou despejos clandestinos.

“É um ribeirão praticamente morto. A carga de esgoto é imensa e isso atinge diretamente a população das cidades por onde ele passa, como Sumaré”, afirmou Alexandre Resende, diretor de Sustentabilidade & ESG da BluestOne.

O Ribeirão Quilombo cruza bairros de Sumaré e recebe afluentes em áreas urbanizadas e industriais. A BRK Ambiental, responsável pelo saneamento básico na cidade, reconheceu a gravidade da situação e afirmou que está investindo R$ 351 milhões até 2030 para universalizar o esgotamento sanitário, com foco na ampliação da infraestrutura e melhoria do tratamento de efluentes que chegam ao ribeirão.

“A BRK tem responsabilidade direta nesse cenário, e a população de Sumaré precisa ser informada com transparência sobre onde esses investimentos estão sendo aplicados”, destacou um promotor do Ministério Público Ambiental (Gaema).

Prejuízo ambiental vai além do território sumareense

A poluição do Quilombo impacta não apenas a qualidade da água em Sumaré, mas também agrava o quadro da bacia do Rio Piracicaba, chegando até o Rio Tietê. A expedição que coletou amostras entre a nascente do Piracicaba e sua foz no Tietê identificou manchas escuras e baixa oxigenação ao longo dos trechos contaminados.

Estudo foi entregue ao Ministério Público

O diagnóstico completo foi entregue ao Ministério Público, que deve usar os dados para instaurar inquéritos civis e ações públicas. O órgão também pretende acompanhar os processos de licenciamento ambiental dos municípios, com exigência de ações mais rigorosas de fiscalização e saneamento.

Aplicativo permite monitoramento em tempo real

A população pode acompanhar os dados da pesquisa por meio de um aplicativo gratuito lançado pelo grupo de pesquisa, incentivando a participação cidadã e o controle social sobre a qualidade da água que corta os bairros.

Desastre ambiental motivou o estudo

O monitoramento do Ribeirão Quilombo teve início após o maior desastre ambiental recente na região: a morte de 235 mil peixes no Rio Piracicaba, em julho de 2024, causada por resíduos despejados no Ribeirão Tijuco Preto. A tragédia acendeu o sinal de alerta para o colapso ecológico da bacia hidrográfica.